Raízen acelera venda de ativos em meio a pressão financeira histórica
Empresa já arrecadou R$ 2,2 bilhões em negociações e prevê se desfazer de mais três usinas para reduzir dívida de R$ 34 bilhões

A Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, intensificou em 2025 seu plano de desinvestimentos para enfrentar um endividamento que alcançou R$ 34,3 bilhões, quase 80% acima do exercício anterior. Após vender a Usina de Leme (SP) em maio por R$ 425 milhões, a companhia anunciou a paralisação por tempo indeterminado da centenária Usina Santa Elisa, em Sertãozinho, repassando 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar a seis compradores em uma transação de R$ 1,045 bilhão. Entre os compradores, a São Martinho incorporará cerca de 10,6 mil hectares ao processamento de sua própria planta.
Fundada em 1914 e integrada à Raízen em 2021 após a aquisição da Biosev, a Santa Elisa carrega um histórico de fusões, como a criação da Santelisa Vale nos anos 2000. A decisão de suspender suas atividades ilustra a severidade da crise, que resultou em prejuízo líquido de R$ 2,5 bilhões no último exercício.
A empresa também prevê ampliar a desmobilização com a alienação ou encerramento das operações nas usinas de Rio Brilhante e Passatempo, no Mato Grosso do Sul, e Continental, em São Paulo, todas oriundas da compra da Biosev. Esse movimento soma-se à venda dos canaviais da Usina MB, em Morro Agudo, realizada em 2023, elevando o montante de negociações recentes para R$ 2,2 bilhões.
No setor de geração distribuída, a Raízen alienou 55 usinas solares em julho, com capacidade total de 142 MWp, transferidas à Thopen e ao Grupo Gera, com expectativa de arrecadar R$ 600 milhões até março de 2026. Em abril, já havia negociado 31 projetos solares de 115,4 MWp com a Élis Energia por R$ 700 milhões. A companhia também comunicou o encerramento da joint venture com o Grupo Gera, declarando que a meta original de desenvolver soluções de geração e gestão de energia foi alcançada.
Segundo nota oficial, o conjunto de medidas integra uma estratégia de “reciclagem de ativos para captura de eficiência agroindustrial” e de “redução do endividamento”. Embora não tenha detalhado prazos para as próximas vendas, a Raízen assegura que o plano de desinvestimentos seguirá ativo nos próximos meses para reequilibrar sua estrutura financeira em um ambiente marcado por forte volatilidade e intensa competição.